quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Na padaria

Eu me inspiro mais quando estou triste, numa fase ruim. Inclusive para escrever histórias bonitas, que dão esperança de um futuro melhor!

 

Embora eu tenha quase desistido de escrever e publicar meus contos e crônicas (tudo já foi escrito, pra que colocar a minha visão também se escreveram tão melhor do que eu??) hoje já me deu uma vontadinha e uma idéia!! Hehehe

 

Então, aí está! Inédito, fresquinho e marcando meu retorno (talvez)!!

 

A Padaria

 

            Andressa era uma garota muito agitada. Estava sempre correndo de um lado para o outro, procurando mais e mais trabalho, mais e mais atividades fora do trabalho para preencher todo o seu tempo, não gostava de ter tempo para pensar em si ou nas coisas do mundo, gostava de ter seu cérebro ocupado. Tinha medo do rumo que seus pensamentos poderiam tomar.

            Foi nesse estado, na fila da padaria, batendo o pé com a demora que ela reparou em Jorge olhando-a sem sequer piscar. Era uma dessas padarias modernas que possuem umas mesinhas para café numa área reservada. Ele estava sentado em uma delas, com um jornal sobre a mesa, tomando um café e perdido nos pensamentos observando-a.

            Andressa andou mais um passo e voltou a olhar foi nesse momento que ele reparou que a olhava fixamente, baixou os olhos e continuou lendo o jornal.

            A cada passo na fila, uma olhada e os olhos se encontrando, até que ela não resistiu e sorriu. Ele levantou-se e ela reparou a aliança em sua mão. No mesmo momento apagou o sorriso do rosto. “Não é justo! Em anos que não me interesso por alguém que se interessa por mim e agora o idiota é casado?!?!” Andressa pensou consigo mesma. Percebeu que ele caminhava em sua direção e antes que ele pudesse abrir a boca ela já falou, brava:

            - Quem você pensa que é? Com família em casa, essa aliança enorme na mão e me olhando e dando sorrisinhos?!?! Não tem respeito pela sua mulher não??? É por isso que o mundo não melhora, pois é repleto de canalhas como você!!!!

            - Não julgue o livro pela capa – Foi a resposta simples de Jorge que virou as costas, pegou o jornal de cima da mesa e caminhou até o caixa.

            Andressa ficou intrigada, o que ele queria dizer com isso?? Que ele não a estava olhando e ela fez papel de idiota? Ou que a aliança era uma ilusão de ótica?

            - Próximo!

            Era sua vez. Pediu seus 2 pães, as 50g presunto e 50g de queijo. Enquanto esperava continuou a pensar naquele encontro bizarro. Quando pegou os pacotes lembrou-se que matutar sobre uma pessoa que já se foi, que nada tinha de importante e que ela jamais saberá o que quis dizer não a levará a nada!

            Continuou sua correria normal até que se deitou de noite. Não conseguia dormir, via a luz da lua entrando pela janela, iluminando todo o seu quarto e seu corpo e pela primeira vez em muito tempo sentiu falta de uma mão quente, forte, abraçando-a, de uma respiração muito próxima, de uma companhia. Amaldiçoou o “cara da padaria” que havia despertado estes desejos, estas lembranças nela.

            No dia seguinte na mesma fila da mesma padaria se pegou olhando para as mesinhas a procura de Jorge. Se odiou por isso, lembrou-se da maldita aliança! Abaixou seus olhos e só levantou para pedir, pegar e pagar.

            Porém, todos sabem que olhando para o chão a sua visão fica “levemente” prejudicada. Portanto, ao sair da padaria, Andressa bateu de frente com uma pessoa, Jorge. Sim! Como em qualquer filme romântico, os acasos sempre acontecem e podem acontecer na vida real também.

            Ela levantou os olhos viu que era ele, pediu desculpas e continuou andando.

            Ele segurou-a pelo braço. Ela virou-se olhou para o braço, olhou para ele:

            - Você quer fazer o favor de não encostar em mim? – quando na verdade queria dizer para ele chegar ainda mais perto, pois aquele toque havia feito uma onda de energia percorrer o seu corpo.

            - Desculpe. É que eu fiquei pensando desde ontem que não deveria desistir das coisas tão fácil.

            - Já falei que não adianta, respeito a sua mulher e sou boa de mais para ser amante de alguém!! – Tinha que manter a linha, brava e durona.

            - Haha, calma, podemos tomar um café ali e eu te explico tudo?

            - O que há para explicar???

            - Muitas coisas... – e a soltou

            Ela olhou para o seu carro, olhou para dentro, para o rosto dele, para suas mãos. Pensou por 3 segundos que pareceram 3 horas e começou a caminhar em direção ao interior da padaria.

            - Sabia que você não era tão metida quanto parece.

            - Me chamou para me xingar? Vou embora!

            - Calma, calma! Você é sempre assim, tão irritada, nervosa e bravinha?

            - Sim, sempre.

            - Ok, desculpe.

            - Então, conte logo, explique rapidamente, não tenho muito tempo a perder.

            - Que garota difícil você, hein!

            - Strike 2. No próximo levanto e vou embora. De verdade!

            - Você não faria isso, está curiosa demais, senão, sequer teria entrado!

            - hahaha – Andressa cedeu, relaxou, percebeu que suas máscaras tinham caído, ou talvez nunca tivessem funcionado com ele. Mas como podia isso se ela sequer o conhecia?

            - Que sorriso lindo!

            - Que cantada barata.

            - Ok, chega desses ataques, eu te convidei para entrar para lhe explicar sobre a aliança, certo?

            - Certo.

            - É uma longa história...

            - Então resuma, como já disse, não tenho muito tempo.

            - Bom, resumidamente, esta aliança era de meu irmão. Ele morreu em um acidente de carro há 3 anos. Na época eu estava brigado com ele, pois não aceitava seu noivado com a sua namorada, achava que ela não estava à altura dele. Eu ainda consegui encontrá-lo para as últimas palavras na UTI e ele falou para eu ficar com a sua aliança para que nunca se esquecesse dele e de amar, sem importar quem e como! Sim, eu era como você, bravinho, distante de relacionamentos, tratava as mulheres como objetos de minha felicidade carnal, somente isso. Ele era um cara extremamente romântico e feliz com isso. Eu no fundo sempre tive inveja. Então, agora, na proximidade do dia dos namorados eu resolvi usar a aliança, para fortalecer esse pensamento em mim. Desculpe se passei a imagem errada para você.

            - Que história maluca, não sei se acredito não...

            - Além de bravinha é cética, é?! Hahaha – Tirou a aliança e mostrou os nomes, tirou também sua carteira do bolso e mostrou seu documento. Na aliança dizia “José e Ana” e em seu documento: Jorge.

            Andressa estendeu a mão para cumprimentá-lo

            - Muito prazer, Andressa.

            Foi assim que ela foi domada e ele encontrou o amor. Quando acontece, não existe capa que impeça você de ler o livro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

news

Sem contos esta semana.

 

Provavelmente sem contos na próxima também.

 

Voltem aqui dia 13/10, se eu tiver recuperada eu postarei.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Distração

Mini conto…

 

Atrasado por motivo de doença… sorry… mas tô melhor já!! =)

 

Distração

 

Luisa, compenetrada, prestava atenção nas fórmulas loucas que o professor passava no quadro quando sente uma batida nas suas costas. Olha para trás e ouve "você está entendendo alguma coisa?". Ela, como sempre, muito prestativa diz que sim e para evitar encomodos maiores (afinal, ela queria prestar atenção na aula para não perder os detalhes) se ofereçe para ajudá-lo no intervalo e vira para frente de novo. Mas seu pensamento escapa, de onde surgiu este rapaz? Nunca tinha visto em sua sala. Pensa que deve ser da outra turma, essas aulas mais complicadas sempre tem alunos de diversas turmas.

 

No intervalo, sentou-se ao seu lado e começou a explicar o que tinha entendido. Percebeu que ele não olhava para o papel onde ela estava apontando e sim para ela, nos seus olhos. Até que um momento ele sorriu e ela perdeu o sentido, sorriu também e em seguida veio o silêncio constrangedor.

 

Ela fingiu que não sentiu o frio na barriga, olhou para baixo, para a folha, disfarçando assim seu rosto vermelho de vergonha. Se xingava mentalmente por ser tão extrovertida com todos e tão tímida quando se tratava de caras quando tinha uma "quedinha".

 

Continou explicando como se nada tivesse acontecido. Ele percebeu essa atitude como uma não reciprocidade de seu sorriso embora tenha percebido seu rosto vermelho, ficou confuso e passou então a prestar atenção na explicação.

 

Na próxima aula Luisa voltou para a sua mesa e não conseguia mais prestar atenção no que o professor falava. Tudo que ela queria era sumir. Como pode, com quase 40 anos, mulher feita, vários relacionamentos em seu curriculo, bem sucedida em sua carreira, chefe de 10 homens e ainda uma adolescente quando se trata de seus relacionamentos. Se estivesse sozinha estaria se batendo, se xingando alto. Por sorte, estava em uma turma com 20 alunos em volta.

 

Ele nunca mais apareceu na sua sala e ela nunca teve a oportunidade de se redimir, de aproveitar a oportunidade.

 

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Valquíria

Semana passada foi feriado na terça aqui em Curitiba também, acabei ficando presa no Rio até quarta, não deu chance de postar...

 

Essa semana foi corrida, então esqueci também...

 

Peço mil perdões! E para me rediminir um conto bem longo! (no word davam 4 páginas! Haha)

 

 

14/07/2009

Temas: atraso, fumaça, valquíria, um quase assassinato e mancha (junção dos 5 últimos temas do duelodeescritores.blogspot.com)

Autora: Lê

Título: Valquíria


            Valquíria saiu de casa como todos os dias, sempre pensando nas milhões de coisas que poderia estar fazendo se não estivesse em seu cubículo atendendo milhões de clientes no call center da maior operadora do país. Porém, neste dia parecia que tinha acordado com o “pé esquerdo”. Não ouviu o despertador, a água não esquentou no banho, na porta de casa percebeu que estava com um pé de sapato diferente do outro... Já muito atrasada correu para pegar o ônibus mas não conseguiu alcancá-lo e ainda levou um espirro de água lamaçenta, culpa dos buracos e da chuva anterior.

            Uma pessoa qualquer se irritaria com isso, mas não Valquíria. Ela era uma pessoa extremamente paciente. Ligou para seu chefe e comunicou o ocorrido, trocou seu turno para a noite, assim teria menos problemas. Voltou para casa e foi lavar seu uniforme antes que a lama formasse uma mancha impenetrável. Porém foi tarde de mais, o óleo que estava na pista não saiu de seu casaco. Pensou em usar o outro enquanto pensasse em uma outra maneira de retirar a mancha. Resolveu aproveitar o dia. Cuidou da casa, do jardim, adorava suas flores no início da primavera. Depois saiu para correr e viu as crianças voltando do colégio e se entristeceu por não ter filhos. Mas logo recuperou o sorriso pois sabia que um dia eles chegariam, era uma otimista exagerada, em todos os seus aspectos.

            Preparou seu almoço favorito, arroz, feijão, bife e um ovo frito! Salivava enquanto cozinhava. Degustou cada pedaço como se fosse a maior iguaria francesa. Não se lembrava da última vez que passava um dia fazendo as suas coisas, do seu jeito. Francisco, seu marido, era monopolizador de suas tarefas, sempre fazendo suas vontades. Aproveitou cada segundo de independência como se fosse o último e, bem, seria mesmo já que apesar disso ela o amava muito e não pretendia deixá-lo.

            No meio da tarde se arrumou novamente, agora com mais calma e já tendo afastado a maré de azar. Saiu calmamente e desviou das poças, pegou o ônibus que a aguardava no ponto, depois o metrô e desceu na estação que ficava há uma quadra do prédio onde trabalhava. Ao subir as escadas da estação e ver a luz do dia observou uma fumaça preta no céu. Seguiu seu rastro e viu que vinha de seu prédio, contou os andares e viu que era justamente de seu andar! Correu até a porta do prédio e lá encontrou suas colegas.

            - O que aconteceu?

            - Por que você não veio trabalhar de manhã?

            - Muitos problemas.. Por que essa fumaça?

            - Você não viu no jornal?

            - Não...

            - Erm... Bom... explodiu uma bomba ali...

            - Como assim uma bomba?!?!?! Alguém se machucou?? Como entrou uma bomba ali?? Por que?? O que queriam com isso? Meu Deus que coisa horrível!!

            - Calma, Val... Acho melhor você conversar com o inspetor da polícia que está ali na porta, tá vendo, aquele ali de óculos!

            - Mas por que vou atrapalhá-lo? Você não pode me contar?

            -  Eu não deveria te contar, mas é que o pacote estava em seu nome... Você é a principal suspeita.

            Valquiria ficou branca, caiu no chão, o que chamou atenção dos policiais e logo o inspetor já a carregava ao saguão do prédio que havia sido evacuado. Assim encontraria calma e espaço para que ela melhorasse e ele pudesse realizar algumas perguntas “de rotina”.

            José, o inspetor, era um cara de bem, honesto, entrou na profissão para lutar contra a violência do mundo, sabia que não poderia tratá-la mal ou como uma prisioneira até que tivesse certeza de sua suspeita.

            Valquiria abriu os olhos e José lhe entregou um copo de água com açúcar. Ela se recuperou lentamentamente.

            - Quem é o senhor

            - Dona Valquíria, eu sou o Inspetor José Bonifácio. A senhora já está melhor?

            - Sim, estou melhor. O que aconteceu aqui? Por que eu sou suspeita?

            - Calma senhora, ninguém está te considerando bandida! Suspeita apenas no sentido de precisarmos realizar algumas perguntas esclarecedoras.

            - Tudo bem...

            - Por que a senhora não veio trabalhar esta manhã?

            - Deu tudo errado, eu já chegaria com 1h de atraso quando o ônibus me molhou e tive que voltar em casa. Achei melhor trocar o turno para evitar maiores problemas.

            - A senhora pode provar isso?

            - Nunca imaginei que iria ficar tão feliz pela mancha de óleo do ônibus não ter saído do meu uniforme! Ele está em casa, posso mostrá-lo depois.

            - Ok, muito bom. A senhora esperava alguma encomenda?

            - Não, nem nunca recebi encomendas no trabalho...

            - E como sabiam onde te encontrar?

            - Quem sabia?

            - Isso ainda estamos tentando descobrir. A senhora recebeu alguma ameaça nos últimos dias?

            - Sérias não que eu me lembre. O senhor tem que entender que meu trabalho não agrada muitas pessoas e algumas se irritam.

            - Sim, sim, entendo. Mas não consegue se lembrar de alguém mais incisivo, que tenha feito ameaças?

            - huummm deixe-me pensar... Não sei... Não que eu lembre realmente. Mas, ah! Lembrei que todas as ligações são gravas para análise posterior, o senhor pode dar uma olhada nelas!

            - Já temos uma equipe varrendo todas as suas ligações e também de suas colegas de seu turno. Bom, por enquanto não tenho mais perguntas. Gostaria que a senhora  não saísse da cidade pois está sob investigação.

            - Ok Sr. Inspetor, colaborarei com o que for necessário, só quero sair da lista de suspeitas...

            Valquíria não tinha forças para permanecer ali. Caminhou até a avenida e encontrou seu chefe no caminho que lhe ofereceu uma carona até em casa. Ela recusou e correu para um taxi.

            Há alguns meses seu chefe a obrigava a aceitar suas caronas. No início ela entedeu como uma delicadeza, mas, com o passar dos dias foi percebendo insinuações, indiretas... Quando tentava recusar a carona era quase ameaçada. Até que um dia ele colocou suas mãos em sua perna e ela desceu no primeiro sinal, correndo. A partir daquele dia seu marido iria buscá-la no trabalho. Porém ele teve que viajar a trabalho e seu chefe percebeu. Voltou a obrigá-la a aceitar as caronas. Na semana anterior ao fogo no prédio, ele repetiu a rotina. Contudo ao sair do prédio tomou um caminho diferente. Ela estranhou e o questionou, ele manteve-se quieto e travou as portas, não parou em nenhum sinal até que chegou ao seu destino, sua casa. Estacionou na garagem e Valquiria não sabia como agir de tanto medo. Jorge mostrou-lhe uma arma, falou que se não colaborasse não teria medo de usá-la.

            Ele obrigou Valquíria a subir em seu apartamento. Chegando lá jogou-a no sofá, arrancou suas roupas e a possuiu ali mesmo. Valquíria tentava lutar contra mas ele a agarrava com mais força e a machucava ainda mais. Até que ela desistiu de lutar e manteve-se apenas deitada, chorando e rezando para que aquilo acabasse logo.

            Acabou. Ela teve medo de que ele fosse abusá-la a noite inteira, porém ele falou-lhe:

            - Achava que você seria mais gostosinha. Que desperdício todo esse tempo. Vista-se!

            Ela manteve-se silenciosa, vestiu-se e ele jogou uma nota de 100 para ela pegar um taxi.

            Val saiu correndo, ia sempre trabalhar de tênis e adorava corridas, queria colocar todo aquele dia para trás, tentava fazer isso a cada passo da corrida, porém sentia tudo grudado à sola de seu sapato.

            Chegou em casa e entrou no banho, sentou-se no chão e chorou por quase uma hora até que ouviu o telefone tocando e sabia que era seu marido. Secou as lágrimas e correu.

            - Oi chiquinho...

            - Oi Valzinha! Que voz, o que aconteceu?

            - Nada não – Porém ela não se aguentou e começou a chorar

            Contou todo ocorrido para Francisco e sentiu em sua respiração o ódio subindo.

            - Mas não precisa fazer nada, ele não gostou, não vai se repetir! Promete para mim que não fará nada, não quero perder meu emprego!

            - Prometo sim, meu amor, você sabe que eu faço o que você quiser e que não teria coragem de fazer nada contra ele. Nem forças tenho para bater nele, malditos livros que me tiraram a força muscular!

            - Só você para me fazer sorrir neste momento... Volta logo?

            - Volto sim, mais duas semanas que passarão voando e estarei em casa.

            Uma semana passou, não voando, mas com Valquíria no seu otimismo, trabalhando todos os dias para esquecer o fato e driblar um possível ataque de seu chefe. Tudo ia bem, voltava sempre acompanhada de suas amigas. Hoje seria ainda melhor pois não sairia no mesmo horário que ele, devido à troca de turno, porém o incidente obrigou-a a fugir, correr e voar no taxi. Não sabia se tinha mais medo de ser mantida como suspeita ou refém de seu chefe.

            Chegou em casa ainda tentando digerir todas as informações da última semana. Sentou-se em sua cama, olhando para o teto até que o telefone tocou e ela pulou num susto. Olhou rapidamente o relógio e sabia que era seu marido.

            - Oi Chico!

            - Oi... o que você está fazendo em casa?

            - Como assim? Eu sempre estou em casa esta hora!

            - é... sim... mas, achei que você estaria no serviço.

            - Como você sabe que troquei meu turno hoje?

            - é?! Trocou? Não sabia...

            - Então por que achou que eu estaria no serviço?

            - Nada não, a viagem deve estar me cansando de mais. Como foi seu dia?

            - Péssimo, acham que eu suspeita de um crime...

            - VOCÊ?!?!?! Não, não pode ser, o que aconteceu??

            - Explodiu uma bomba no meu departamento, mas eu não estava lá...

            - Val, arrume suas malas, venha para cá! Pode usar o cartão de crédito de emergência! Venha já, esta cidade não está segura para você!!

            - Não posso, o inspetor da polícia falou que não posso sair da cidade.

            - Tudo bem, entendo, vá para a casa da vizinha então, não fique sozinha, vai que a carta era para você mesmo e esses malucos resolvem insistir!

            - Como você sabe que era uma carta?

            - Você falou!

            - Não, não falei!!

            - Você deve estar atordoada com o incidente, vá dormir, semana que vem já estou aí!

            - Tudo bem

            - Tchau

            - Tchau

            Valquíria desligou o telefone achando tudo muito estranho. Neste momento ouve sua campainha “o que será agora, não chega para o dia estar completo ainda?”.

            Ao abrir a porta se assusta, 5 carros da polícia cercam sua casa, diversos homens com seus rifles apontados para sua casa. Imediatamente ela levanta as mãos e mantêm-se em silêncio e imóvel. Ouve a voz do inspetor José:

            - Dona Valquíria, seu marido está em casa?

            - Meu marido? Não, está viajando...

            - A senhora terá que nos dar licensa para revistarmos a casa.

            Os homens entraram, reviraram a casa e não encontraram nada.

            - onde ele está?

            - Viajou a trabalho para São Paulo

            - A senhora poderia nos informar em qual hotel ele está hospedado?

            - Sim, é no Hotel Legal. O que está acontecendo????

            - Um minutinho por favor

            - ok

            O inspetor vai até a rua, faz uma ligação e retorna

            - Dona Valquíria, rastreamos a carta-bomba e descobrimos que ela estava realmente destinada à senhora e quem havia enviado foi seu marido.

            Valquíria emudeceu. Apenas lágrimas escorriam de seu rosto. Não sabia no que pensar. Foi interrompida pelo celular de José que após conversar por breves instantes desliga e pede que Valquiria o acompanhe até a delegacia prestar depoimento legal. Ela continuava suspeita, uma cúmplice. A questão na cabeça de José era “por que?”. Jose nunca gostou somente de prender criminosos, sentia prazer em estudar-lhes o comportamento para poder evitar novos incidentes.

            Valquiria contou tudo sobre o marido e seu trabalho, omitindo apenas as investidas de seu chefe. Após algumas horas Francisco chegou algemado e ela o viu apenas através de um vidro, olhando fixamente seu marido com seus olhos cheios de culpa. Neste momento teve certeza e sentiu pena. Sabia que não fizera por mal. Ou fizera? Qual seria seu motivo?

            Uma hora depois José retornou à sala com o depoimento de Francisco em mãos.

            - Dona Valquíria, a senhora conhece o Sr. Jorge Jiton?

            - Sim, é meu chefe

            - E a senhora possui alguma queixa dele enquanto chefe?

            - não...

            - E enquanto ser humano?

            - erm... não...

            - Dona Valquíria – Disse José, sentando-se ao seu lado, com uma voz calma, quase amiga. – se você contar a verdade não será indiciada como cúmplice, seu marido confessou tudo

            - Confessou o que?

            - Primeiro responda minha pergunta! A senhora possui alguma denúncia?

            - sim... Ele me seguiu, me sequestrou e me estuprou.

            Valquíria começou a chorar muito e abraçou José. Este não soube o que fazer, esperou apenas que ela se acalmasse. Após se acalmar ela detalhou todo o incidente e perguntou o que afinal o marido tinha a ver com esta história?

            - Val, seu marido confessou que não conseguiria mais viver ao seu lado após ter sido violada por outro. Sentiu ódio dos dois embora você não tivesse culpa e nojo de você. Estes sentimentos negativos o influenciaram a matá-la. Pensou que o plano seria perfeito, porém não contou com a sincronicidade do universo!

            - Posso ir embora agora?

            Foi a única coisa que Valquíria disse. José acentiu com a cabeça e a liberou. Ela caminhou até a porta e saiu na noite silenciosa aliviada, feliz, enjoada.

            Ainda teve que enfrentar ambos seu marido e seu chefe em tribunal. Com isso conseguiu pensão, indenização, muito dinheiro. No primeiro mês se descobriu grávida. Ela, que sempre soube que sua criança viria um dia, nunca imaginou que o amor seria fruto de um ódio e de um crime tão hediondo. Porém, amou essa criança como não havia amado nem seu próprio marido infértil. Mudou-se, de cidade, de nome. Mas nunca mais manteve seu sorriso por todo o tempo no rosto, sempre havia uma pitada de dor no canto de seus olhos, uma desconfiança em suas sobrancelhas, um medo em seus sobressaltos. Apenas seu otimismo manteve-se presente, por que no fundo ela sempre quis pelo menos uma noite de amor com Jorge, mas como mulher casada não podia ousar aceitar isso e embora não tenha tido uma noite de amor e não tenha sido da maneira sonhada o resultado foi bom, seu sonho realizado de um filho para chamar de seu e distância de Francisco, o marido ausente, arrogante, mandão e infértil.

 

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Corrida

Mais um « surpreendente » e levemente cômico...

 

Espero que gostem! É curtinho!!

 

E comentem!!! Hehehe

 

27/05/2009

Tema: tem que conter as frases: Apenas um olhar, nada mais. Um simples olhar foi suficiente para causar em mim todas essas...

Autora: Lê

Título: Corrida

 

 

            Ana saiu esbaforida de seu prédio, correndo para pegar o metrô e chegar ao trabalho o menos atrasada possível, pois evitar um atraso já era inevitável. Correu por duas quadras e se não tivesse de salto pularia de dois em dois degraus para alcançar a plataforma. Nem teve tempo de recuperar seu fôlego e o trem já estava parando, entrou junto com a multidão, quase carregada. Desceu três estações adiante e subiu correndo ainda mais, pois se lembrou que além de atrasos serem considerados péssimos por seu chefe ainda tinha uma reunião marcada com ele às... Olhou em seu relógio... Oh, não!!! A reunião iniciaria a 5 minutos!!! Vou perder meu emprego!!!! E correu ainda mais. Entrou no prédio, apertou inúmeras vezes o botão do elevador até que ele finalmente cedeu e abriu suas portas. 1º... 2º...Tirou seu casaco, estava com muito calor depois de tanto correr 3º... 4º... “Meu deus, esse elevador nunca foi tão lerdo!!!!” 5º... 6º... “Deveria ter vindo pelas escadas” 7º... 8º... 9º... “é, mas depois de correr tanto eu não agüentaria...” 10º... 11º... 13º “FINALMENTE!!!!!” e saiu correndo, atravessou o primeiro corredor, virou à esquerda, correu por outro e foi reparando todos olhando assustados para ela.

            - Desculpem, estou atrasada

            Mas os olhares continuavam, ela não entendia, já vira diversas pessoas correndo pelos corredores e nunca ninguém ficara encarando daquela maneira, mas continuou sua corrida até o escritório do chefe. Ao entrar viu que todos já estavam ali e já foi se desculpando, seu chefe virou-se para ela e fitou-a. Apenas um olhar, nada mais. Um simples olhar foi suficiente para causar nela todas essas sensações de frio. Frio?! Sim, ela percebeu que seu chefe não olhava bravo, percebeu que seus colegas também a fitavam e ela passou a sentir frio. Depois subiu um calor, também chamado de vergonha. Ela se abraçou, tentando esconder o fato que havia esquecido de colocar a blusa. Abaixou a cabeça, saiu lentamente do escritório, colocou seu casaco. Voltou muito devagar para casa. E soube, naquele momento, com aquele olhar, que deveria procurar outro emprego.

 

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Letters

Um textinho em inglês pra vcs praticarem... hehehe

 

 

Data: 20/05/2009

Tema: if you found this, it's probably too late

Autora: Letícia

Título: Letters

 

           

Dear Abby,

            If you found this, it’s probably too late. I’m at this moment at the airport on my way to a new life that I don’t even know what and where it is. I’m afraid I didn’t have the courage to talk to you in person, to even call you and tell you that.

            I’m partially sorry that this happen this way. But you suffocated me with your ideas, with your rules and cleaning matters. You didn’t give me space to tell you that my dream wasn’t to continue the family store and have a normal, common life. I always wanted more. You should have known that since I always tried to tell you. But you never listened.

            On the other hand, if I had tried to make things work, if I waited for your return I might never do this and we both would be unhappy: You with a guy that always “wanted out” and me always dreaming with a new life.

            I’ll never forget you. I wish I had more kind words to say, but I’m afraid that if I tell you how much I loved you and how much you helped me all this time that we’ve been together it would give you hopes that doesn’t exist.

 

            Love,

            John.

 

When he opened the drawer to get the glue and close the envelope he saw a lot’s of half written and folded papers and one on top of it. He was very curious so he couldn’t help reading it, even though he knew it wasn’t right since it was her place, her drawer.

 

“Dear John,

 

            If you found this, it's probably too late. I tried to write so many times, so many letters, but I can’t find the right words. I feel that it wouldn’t reach you the right way if I told this personally.

            If you found this, it's probably too late. I feel that you are unhappy with me. I always tried to be there for you, to accompany you in all your dreams, but I feel that there’s something missing. Since you won’t tell me and I haven’t got any other way of finding out, with my pouring heart, I tell you that you are now free. Go do whatever is pulling your heart.

            If you found this, it's probably too late. I’ll be gone for a couple of week to try to forget you, to try to set me free from you as much as you are free from me. Please, take your things out of the apartment.

            My only request is that you go follow your dream.

            I’ll never forget you. I wish I had more kind words to say, but I’m afraid that if I tell you how much I loved you and that I would do anything and go anywhere to be with you, that your dream could be my dream, this will only make it harder for you. But, please, know that I will always love you and that I might not even come back at all since you were the only “thing” keeping me here.

 

            Love,

            Abby.”

 

            John felt a shiver through his spine. He froze at the realization that they both loved each other so much that they killed themselves in the relationship. This made them want to leave, run away from all the love.

            He left the apartment and got the cab that he had already called to the airport before reading the letter.

            But he didn’t go to the airport. He went to the grocery store and bought supplies to make a very romantic dinner.

            When he got back he ran to the kitchen and prepared the dinner.

            It was a great surprise to Abby when she arrived and found the candles, the great smell of homemade food. She asked: why?

            He showed both letters. She read them. She started to cry.

            During dinner it was the first time that they really talked and fell even more in love.

 

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Marcas eternas

Comecei mal, né?! Toda terça e hoje é quarta e nada de conto...


Desculpem, trabalho novo, correria!

 

Mas aí está, um conto mais denso...

 

Tema: TATUAGEM

Autora: Lê

Data: 17/04/2009

Título: Marcas eternas

 

 

            Ralf estava sentado em sua cadeira de balanço olhando o campo florido pela janela. Viu seus colegas da casa de repouso com seus netinhos correndo pelo gramado, aproveitando os últimos dias da primavera.

            Suspirou e tomou mais um gole de seu chá. Sentia saudades de sua família que ainda estava presa na Alemanha oriental. Sentiu-se sozinho.

            A enfermeira entrou lhe trazendo seus medicamentos.

            - Enfermeira, você poderia pedir que alguém me levasse lá fora? Gostaria de sentir as últimas brisas quentes do verão.

            - Tudo bem, aguarde um pouco que nossos enfermeiros estão em ronda também.

            - Tudo bem!

            Sentiu uma ponta de alegria interna, fazia duas semanas que não sentia as flores, que não passeava pelo jardim. Isso lhe deixava muito triste, porém sabia que não podia exigir que o levassem todos os dias para um passeio. Estava com 85Kg e a casa ainda não havia conseguido uma cadeira de rodas para ele.

            Logo chegaram ao seu quarto dois enfermeiros fortes.

            - Boa tarde senhor Ralf! Pronto para dar uma voltinha?

            - Muito! Vocês já colocaram a minha cadeira na varanda?

            - Sim!

            - Sem querer abusar da boa vontade de vocês, desta vez vocês poderiam me colocar embaixo daquela árvore ali, perto das flores e das crianças?

            - Podemos sim, aguarde só um pouco que já retorno.

            O mais velho dos dois correu arrumar a cadeira antes do transporte. O outro ficou lhe fazendo companhia. Ralf não o conhecia e percebeu seus olhos fixos na ausência de suas pernas.

            - Pode perguntar, você quer saber onde estão minhas pernas, certo?

            - Não, não, desculpe, erm...

            - Você é novo aqui, certo? Não te contaram as histórias? Cada um cria uma história a meu respeito, algumas extremamente fantasiosas como a que eu era um devorador de criançinhas nazista que foi vingado por um pai bravo.

            Ralf gargalhou e observou a expressão de susto do enfermeiro.

            - Não se preocupe, não é nada disso. Inventam essas coisas, pois eu nasci na Alemanha. Mas eu perdi as pernas ao tentar salvar meus filhos do campo de concentração. Consegui, perdi somente as pernas, mas sei que eles estão vivos e bem e isso vale mais do que mil pernas.

            Nisso o outro enfermeiro retornou

            - Tudo pronto, vamos?

            Os dois enfermeiros fizeram uma cadeira com os braços e carregaram o senhor até o lado de fora.

            - Sr Ralf, já sabe, quando quiser voltar para dentro basta levantar a mão q viremos lhe carregar!

            - Ok, muito obrigado rapazes!

            Ralf fechou os olhos, deitou a cabeça no encosto e sentiu a brisa lambendo-lhe a face, escutou os passarinhos ao longe, a água do riacho próximo correndo, as crianças rindo e percebeu que assim a saudade de seus filhos diminuía um pouco, sentia-se mais perto deles.

            Relembrou seu tempo na longínqua Alemanha, sua infância correndo pelos campos à caminho da escola, roubando maças do vizinho para o lanche... Deixou seu pensamento fluir e ir criando em sua cabeça toda a retrospectiva da sua vida até chegar às primeiras notícias da guerra. Tudo o que era colorido e alegre ficou preto, vermelho e perturbador. Abriu os olhos tomando ar, como se tivesse emergido de um poço. Olhou para o seu próprio pulso e viu algo que o marcava mais do que a ausência de suas pernas: a tatuagem. A marca por ter uma religião, por acreditar em Deus e na Paz. Haviam marcado seu código no primeiro dia no campo de concentração. Sabia por ter acompanhado outros tantos passando e recebendo as marcas. Mas não se lembra de nada das duas primeiras semanas de estada no campo. Lembra da dor da perda e do aprisionamento que eram maiores do que a dor da cicatrização das pernas. Sabia que com as tecnologias atuais poderia facilmente removê-la, mas não queria, sabia que simbolizava a sua vida, o seu “karma” o seu pesar e o motivo de ainda estar vivo. Pensava que apagando seria como jogar um lençol em cima de um prédio para tentar cobri-lo.

            Perde-se nos pensamentos olhando aqueles números, sonhando em como poderia fazer para encontrar seus filhos perdidos.

 

            Enquanto isso, os enfermeiros estavam parados na varanda observando as pessoas na varanda e no jardim, esperando que precisassem de seu auxilio. Quando o mais novo pergunta:

            - Qual a história desse seu Ralf?

            O outro olha bem para ele e pergunta:

            - Você tem certeza que quer se envolver na vida pessoal dos pacientes? Pode ser pesado.

            - Sim, estou aqui, morando aqui junto com eles, sinto que devo conhecê-los para assim ajudá-los melhor!

            - Muito bom garoto, você tem um bom futuro pela frente! Bem, vejamos, por onde começar...

            Contou toda a história, de onde veio, como perdeu as pernas salvando os filhos, da vida no campo de concentração, até seu resgate por soldados brasileiros que o trouxeram para cá.

            O mais novo decidiu então ajudar. Foram meses de pesquisa.

           

            No início da primavera seguinte o Sr Ralf novamente chamou os enfermeiros pois queria aproveitar os dias quentes se aproximando. Porém desta vez apareceu primeiramente Ágata, a responsável por seus cuidados pessoais. Sentiu um sorriso maior na simpática ajudante.

            - O que lhe faz tão feliz hoje?

            - Hoje é um dia especial para todos!

            - Por quê?

            - O senhor verá, venha, vamos tomar um banho, fazer sua barba e colocar uma roupa bonita!

            - Mas isso só acontece à noite, o que está acontecendo?

            - Apenas siga minhas instruções, já lhe falei que é um dia especial.

            - Tudo bem, tudo bem, gosto de surpresas!

            E pensou que deveria ser aniversário de algum de seus colegas ou até de um dos médicos. Era normal festas comemorativas, mas nunca levadas tão à sério.

            Após o banho e toda a sua higiene os dois enfermeiros o levaram para a árvore.

            Ele ficou lá, pensando que havia se passado mais um ano sem nenhuma visita, sem nenhum carinho conhecido, sem sequer uma carta! Mas como saberiam da sua localização? Havia sido obrigado a mudar de nome para poder se alojar com segurança. Enquanto deixava seus pensamentos em devaneio escutou passos. Virou-se e viu dois casais e 5 crianças se aproximando. Sua curiosidade se aguçou e ao chegarem mais perto reconheceu, mesmo com os 37 anos que haviam passado, os olhos de seus filhos. Imediatamente começou a chorar e eles correram para abraçá-lo.

            Todos os enfermeiros e habitantes da casa estavam na varando observando a emocionante visita.

            Interromperam o abraço e se olharam, um sorriso incontido naqueles dois homens e naquela mulher. Era sua garotinha, como havia crescido!! E seu filho então, havia se tornado um homem muito bonito!

            Neste momento os filhos viram a marca no pulso do pai. Viraram então seus pulsos e formaram um triângulo marcado.

            Lágrimas de tristeza e ódio correram. Havia sido em vão todo o seu esforço, estavam todos marcados.

            A filha logo percebeu e falou:

            - Não tenha ódio pai, estamos vivos e unidos. A mesma tatuagem que nos separou é o que nos une agora através da vontade e esforço de um de seus enfermeiros.

            Ralf sentiu um alívio e um sentimento de perdão percorrer seu corpo. Abraçaram-se novamente. O resto da família se aproximou, foram todos devidamente apresentados e sentaram-se à volta do Sr. Ralf e começaram a conversar, contar tudo o que havia acontecido nos últimos 37 anos, evitando o assunto guerra. Apenas amores e felicidade, pois depois de tudo que haviam passado, sabiam que apenas isso era importante na vida.

            Ralf virou-se para a varanda para agradecer seu anjo salvador e estavam todos com lágrimas nos olhos.

            - É por isso que eu amo a minha profissão. Falou o mais novo para seu colega enfermeiro.