terça-feira, 11 de agosto de 2009

"Platô"

Esse é um texto tragicômico... hehe

 

Eu e a Japa temos uma brincadeira, de gerar temas ou copiar do “duelodeescritores.blogspot.com” e escrevermos contos. Este é o segundo da brincadeira. Postarei um por semana. Toda terça-feira apareçam por aqui!!

 

Duelo Japa x Lê

Tema: Dor de barriga (tema dado pela Mô)

Autora: Lê

Data: 30/04/2009

 

Título: “Platô”

 

            A lua cheia brilhava no céu daquela noite de verão. Sua luz entrava pela janela entre-aberta do quarto de Katifunda. Era uma quente noite de verão, o ventilador não dava conta. Katifunda dormia apenas de camisola.

            Floriano atravessava a rua, olhou para o céu e admirou a lua. Olhou em volta e subiu no muro. Caminhou cuidadosamente por sobre ele até que chegou à janela entre-aberta. “Como é burra essa garota, é um perigo esse muro perto da janela e a janela aberta, se eu fosse mau-carater seria uma oportunidade perfeita!”. Mas ele não era. Sentou-se como todas as noites, retirou seu cigarro do bolso, sua garrafinha de wisky e mais uma vez olhou para a lua e agradeceu a claridade. Fazia algumas semanas que só chovia e ele não conseguia vê-la claramente.

            Sim, este era seu maior prazer, pecado e paixão: Observar Katifunda dormir.

            Katifunda começou a se remexer na cama. De um lado para o outro. Jogava a perna para fora, depois os braços. Por vezes Floriano quase invadiu o quarto para sergurá-la, quando ela estava quase caindo. Até que ela virou numa posição em que seu rosto finalmente iluminava-se  pela lua, sua pele alva, seu cabelo grudado na testa. “Epa, como assim cabelo grudado na testa?” pensou Floriano. Ela era a garota mais cheirosa e limpinha que ele conhecia. Observando melhor pôde ver suor escorrendo de sua face. “Tá quente pra cacete hoje merrrmo, mas não é pra tanto minha flor de jaboticaba...” Secretamente era assim que lhe chamava. Ela abre os olhos, senta na cama, coloca a mão sobre a barriga, respira fundo, acende a luz. Rapidamente Floriano locomove-se mais para o lado, fugindo da claridade vinda pela janela.  Ela toma um gole d’água e coloca a mão sobre a boca. Ele repara que ela está pálida. Ela corre até a janela, abre com violência, quase o acertando e coloca toda a sua janta para fora. Faz-se uma poça sob a janela, por sorte estavam no segundo andar. Ao terminar ela ainda solta uma bufa que faz Floriando quase desmaiar, perder os sentidos, queimando os pelos de seu nariz. Ela olha para o céu e arrepende-se de ter almoçado feijoada e jantado barreado, mas culpa o licor da sobremesa.

            Floriano está imóvel. Dividido entre o medo de ser avistado, o nojo da sua paixão e a tontura que lhe abateu pelo susto. Considerava-a uma santa, imaculada, não faria coisas assim.

            Katifunda apoiou-se no parapeito, suspirou e voltou a deitar. Floriano continuou imóvel. A luz apagou-se. Floriano levantou-se, caminhou sobre o muro vagarosamente e tomou o rumo de sua casa.

            No dia seguinte ele retornou com um envelope que apenas colocou por baixo da porta, apertou a campainha e caminhou em direção à esquina. Dentro dele:

 

            “Querida ex-flor de jaboticaba,

 

            Posso parecer um machista com as próximas palavras, mas me considero um cavalheiro sincero. Por dois anos, todas as noites, “faça chuva ou faça sol” eu vim à sua janela. Nutria por você uma paixão que me corroia (talvez o sereno com cigarro e bebida ajudassem). Porém, ontem a noite você tornou-se uma mulher real, quebrou o encanto e eu não mais poderei vir lhe visitar. Não se assuste, por favor, nunca lhe desejei o mal. E é por isso que estou contando rapidamente essa história, para lhe avisar que é muito fácil subir seu muro e se quisesse entraria no seu quarto também. É perigoso. Por favor, tome mais cuidado. E não vomite pela janela, é nojento e tome algum remédio para o seu intestino, seria capaz de atear fogo em uma casa caso acendesse um fósforo ao soltar seus gazes.

 

            Um abraço,

            F., seu admirador

 

            Katifunda gelou de medo e no mesmo dia contou para o seu pai que mandou colocar arame-farpado sobre o muro. Não contou para ninguém a última parte da carta, estava morrendo de vergonha, uma dama não poderia fazer algo assim, muito menos pela janela, mas o banheiro ficava no andar de baixo da casa. “Isso com certeza esse tal de “F.” metido não sabe!!”, pensava ela.

 

            Floriano ainda passava nas suas noites mais solitárias em frente à sua casa e sorria, sabia que ninguém mais a admiraria como ele admirou. O sorriso transformava-se em gargalhada quando chegava à esquina, pois imaginava o pobre coitado que teria que aguentá-la nos dias podres.

 

            Katifunda deixava sua janela aberta todas as noites, com a esperança de conhecer seu admirador secreto e poder esclarecer que não é uma porca.

 

            Pré-conceitos e arames farpados os impediram o resto da vida de se encontrarem.

 

3 comentários:

  1. Hum cadê o final?????
    E esse cara endeusou demais a Katifunda.

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  2. aposto como o cara era gay... certeza que um tempo depois ele começou a passar na frente da casa dela com o namoradinho emo dele, que nem sabe peidar, de tanto que chora.

    ehauehauheauheau...

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  3. que nao peida, explode!

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